segunda-feira, 4 de junho de 2007

Coração na boca

Antonio tinha um mês de maio. Um mês de maio estranho. Aqueles maio que a descrença, quietude e dúvida se espalham no semblante. Aí já se sabe o que acontece. Ele se torna voz do corpo e se reflete em energia.

Sei lá. Acho que o SER humano, sente o cheiro disso. Ou não sei, a vê não vendo.
Como naquele dia que eu vi o som do avião passar lá fora, dentro d'água no campeche. Eu vi.
Como quando o nosso querido Aldous ingeriu botões e conseguia dizer, olhando pra uma estante de livros, que cada um deles estava iluminado de maneiras diferentes e com diferentes intensidades. Pera lá.....mas aí ele estava em outro plano.

Bom...voltando ao Antonio.

Junho começa bem pra Antonio. Parece um mês diferente. Quem sabe é a lua que esta cheia.
Então hoje antonio se encontra num terreno o dia inteiro.
Ele vê o movimento da terra pra lá e pra cá. A terra...a terra mesmo. Uns pedações meio pretos/roxos, outros cor de vinho e outros ainda com aquela cor de caramelo bonita.
O sol clareou o dia e cegava os olhos o todo tempo.
Antonio sentiu-se bem. Como um novo começo.
O que fica claro quando se começa algo pela primeira vez.

Trocou conversa com estranhos simples, mas de muito conhecimento. Ótima companhia.
Se divertiu com eles, tentou saber de suas vidas, ouviu piadas, dividiu um "paiero", dividiu o otimismo e o insentivo em crescer, em poder confiar.
Ouviu também histórias sobre caloteiros e se impressionou ao saber que a morte os serve na opinião de quem não recebe.

Antonio se sentiu otimista com as possibilidades do amanhã, essas que a algum tempo só passavam de um nevoeiro espesso.
A revista, amigos em comum, a internet, os indicadores da economia e aquele antigo chefe. Todos ele disseram que esse é um PUTA NEGÓCIO!!
Antonio acredita. Antonio comprova. Antonio se entusiasma e começa a traçar planos.

Hoje antônio recebe uma carta que esperava a algum tempo, mas que não chegava.
Ele a esperava muito. Mas hoje, quando ele a viu na boca do cachorro ele pensou duas vezes.
Pensou que a carta poderia mudar tudo.
E no fundo ele não gostou - apesar de ainda não abrir a carta.

Sentiu a boca seca, ouviu as pupilas dilatando, o coração batendo cada vez mais forte, o estomago revirando, tudo quase saindo pela guela. Olhou pra trás pra ver se alguém também tinha visto a carta mas era impossível, pois ele estava sozinho em seu quarto, enquanto todos tomavam banho para se esquentar da noite mais do que fria de outono.

Sentimentos estranhos invadiram a noite e ele não conseguiu entender porque sentiu tudo aquilo.

Foi medo que eu sei.

Medo de que??

Sei lá...medo da incerteza, medo do novo.

Mas voltando aos autores que ditam... ele se lembrou...do querido castanha. Querido castanha, antropólogo que viveu entre os indios, disse que o homem tem que vencer 4 grandes batalhas.
O medo é a primeira delas.
Não que ele siga o senhor castanha. Mas se lembrou disso e o pulso e a ansiedade baixaram.

O telefone vai tocar amanhã. Pediram a Antonio uma resposta em breve.

A vida é engraçada!! ahahahahahah!!!!
Se quer tudo e ao mesmo tempo nada, só o normal. A cama, os momentos e os tragos.
Depois quer embora.
Quer, embora, ir embora não é fácil.

Viva a emoção e a razão!!! Viva o turbilhão!!!!
Que loca vida essa de não se saber de nada!!!

Sinto saudades de tudo!!!

Cerveja gelada naquele copo clássico,
aquela cadeira amarela,
pela manhã pingado e manteiga
o sorriso e a conversa...ahhhhhh!!!!!
...ahhhhhh!!!!!O Coração quase me sai pela boca.

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